16 fevereiro, 2010

Aumento da renda eleva IDH do Brasil

Aumento da renda eleva IDH do Brasil

País se manteve estável, no entanto, no ranking que compara o desenvolvimento humano de 182 nações, na 75ª posição.
De 2006 para 2007, o IDH brasileiro passou de 0,808 para 0,813; valores acima de 0,800 representam "alto desenvolvimento humano".

Impulsionado mais uma vez pelo aumento na renda, o Brasil registrou uma melhora em seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas permaneceu estável no ranking de nações elaborado anualmente pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), na 75ª posição.
O IDH varia de 0 a 1 e tenta medir o desenvolvimento humano dos 182 países comparados a partir de três dimensões: saúde, educação e PIB per capita. De 2006 para 2007 (os relatórios sempre se referem a dois anos antes), o IDH brasileiro variou de 0,808 para 0,813. Um valor acima de 0,800 é considerado nível de alto desenvolvimento humano.
Neste ano, o tema principal do relatório foi migração. Para facilitar as análises sobre este tópico, pela primeira vez, o Pnud separou nações com IDH acima de 0,900 num grupo considerado de muito alto desenvolvimento humano.
Fazem parte desta elite, que concentra a maioria dos imigrantes, 38 países, liderados por Noruega (0,971), Austrália (0,970) e Islândia (0,969).
Na base do ranking encontram-se Níger (0,340), Afeganistão (0,352) e Serra Leoa (0,365). O Pnud destaca que uma criança que nascer hoje em Níger terá expectativa de viver apenas até os 51 anos, enquanto uma norueguesa deverá chegar aos 81.
"Muitos países testemunharam retrocessos nas últimas décadas devido às retrações econômicas, crises induzidas por conflitos e epidemias de HIV", afirma a principal autora do relatório deste ano, Jeni Klugman.
Como os dados divulgados no relatório de 2009 vão somente até 2007, ainda não é possível mensurar o impacto da crise econômica mundial, iniciada no fim de 2008.
Alison Kennedy, chefe da equipe de estatística do IDH, no entanto, diz esperar que os efeitos não sejam tão grandes: "O PIB per capita de muitos países pode ter sido bastante afetado, mas os indicadores de saúde e educação não reagem tão rapidamente a crises, o que poderá fazer com que a oscilação não seja tão significativa."

Brasil

Os indicadores brasileiros no IDH , na comparação com o relatório de 2008, é possível verificar que o avanço se deu principalmente por causa do PIB per capita.
Educação e saúde também melhoraram, mas em ritmo menor, já que o analfabetismo adulto tem caído pouco no país e a expectativa de vida ao nascer (único componente do índice de saúde) não costuma sofrer oscilações bruscas de um ano para o outro.
Além do próprio IDH, o Relatório de Desenvolvimento Humano permite comparar outros indicadores.
É possível destacar, por exemplo, que apesar de ter registrado queda na desigualdade desde o início da década, o Brasil ainda permanece no grupo de dez países mais desiguais do relatório, atrás apenas de Namíbia, Ilhas Comores, Botsuana, Haiti, Angola, Colômbia, Bolívia, África do Sul e Honduras. No Brasil, os 10% mais ricos detêm 43% da riqueza nacional, enquanto os 10% mais pobres, apenas 1%.
Na Noruega, país que lidera o ranking, os 10% mais ricos concentram 23% da riqueza, enquanto os 10% mais pobres respondem por 4%.
Outro indicador em que o Brasil destoa dos líderes é o investimento público em educação e saúde. Noruega, Austrália e Islândia investem, respectivamente, 35%, 31% e 36% de seu gasto público nessas áreas.
No Brasil, a proporção é de apenas 22%. O maior desnível acontece na saúde, setor em que o Brasil investe 7% dos gastos, menos da metade do que Noruega (18%), Austrália (17%) e Islândia (18%).






















No longo prazo, maiores avanços são de China, Coreia e Irlanda

Flutuações de um ano para o outro no IDH podem dizer pouco sobre o avanço dos países, já que os dados são constantemente revisados pelo Pnud. No entanto, um olhar de mais longo prazo permite identificar as nações que mais se destacaram pelos avanços contínuos, casos de China, Coreia do Sul e Irlanda.
Considerando apenas os 115 países para os quais há dados desde 1990, a China foi o país que mais posições cresceu no ranking, passando da 81ª posição para a 63ª. O destaque no caso chinês é o forte crescimento do PIB per capita, mas o país também conseguiu consideráveis avanços na educação.
Em 1990, a taxa de analfabetismo adulto no país era de 27%, percentual maior que os 19% registrados para o Brasil naquele ano. Dezessete anos depois, a China conseguiu reduzir sua taxa para 7%, enquanto o Brasil parou em 10%.
Coreia do Sul e Irlanda, dois países considerados exemplares pelo investimento em educação, também registraram avanços significativos.
No caso coreano, o país pulou da 40ª posição para a 23ª. Além do investimento em ensino, os avanços em termos de expectativa de vida e PIB per capita foram expressivos.
Em 1990, o país tinha uma expectativa de vida semelhante a da Venezuela (70 anos) e um PIB per capita 4% superior ao do país sul-americano.
Desde então, os asiáticos obtiveram um ganho de nove anos na expectativa de vida (ante 3,6 dos venezuelanos) e seu PIB passou a ser o dobro.
A Irlanda, por sua vez, saiu da 20ª posição para a 5ª. Em 1990, ela ainda estava atrás da Itália, especialmente porque seu PIB per capita era 45% menor do que o italiano.
Após 17 anos, a Irlanda já aparece com um PIB per capita de US$ 45 mil, 47% maior do que os US$ 30 mil registrados na Itália, numa comparação que leva em conta o poder de compra da moeda em cada país.

Brasil acima da média

Nessa comparação de longo prazo, o Brasil também conseguiu avançar mais do que a média dos países, ganhando sete posições (de 59º para 52º, considerando apenas 115 nações).
Entre os países que mais perderam posições, estão África do Sul, Rússia, Zâmbia, Tadjiquistão e Moldova.
No caso da Rússia, Moldova e Tadjiquistão, a principal explicação foi o colapso financeiro após o fim dos regimes comunistas, o que acabou afetando também a expectativa de vida.
Já nos dois países africanos dessa lista negativa, a queda deve-se principalmente à epidemia de HIV, que reduziu bruscamente a expectativa de vida. Nos dois casos, a queda de 1990 para 2007 nesse indicador foi de dez anos: 62 anos para 52 anos no caso sul-africano, e de 55 para 45 no da Zâmbia.

Fonte: Folha de São Paulo - 05/Outubro/2009

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